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Poesia

Moro com um amigo que não mora cá,
Toda hora me pergunto: onde ele estará?
Todo mês algum dinheiro cai na minha conta,
Todo dia que não o encontro é uma afronta.

Costumava conversar com meu amigo sempre,
Ver TV, ler, cantar; seguir em frente.
Suas risadas coloriam meus dias cinzentos.
Agora não o vejo, me sufoco em tormentos!

Olho no quarto dele toda noite,
Nenhum móvel à vista, nem sinal do homem.
Sei que dorme aqui em algum momento:
Toda manhã acordo com porta batendo.

Seus sapatos não mais repousam à entrada,
Casaco e chaves somem de madrugada.
Ontem mesmo, certeza, estavam ali.
Meu amigo querido, por que sumiu daqui?

Deixei mensagens escritas perto da pia,
Papel rabiscado, e seu telefone eu tocaria.
Mas não os viu, imagino com temor.
Quanto mais conseguirei suportar esta dor...
Meu amigo me ajudava a não me sentir só.
Hoje penso "Como seguir?" em meio ao pó.

Disse que sempre comigo estaria.
Era mentira? Como poderia?
Ainda o vejo pela casa o tempo todo.
Os lugares que ocupava, seus sons, seus gostos.
Mas sei que já não estão mais por aqui.
Onde, meu amigo, para onde foi partir?

Deixei uma última mensagem na secretária:
"Me ligue de volta quando ouvir, cara...
O aluguel está pago, a casa está de pé,
Mas sem você aqui não tenho mais fé."


Poema dedicado à minha grande amiga, Tati.


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