Publicado em 02/12/2024 22:05
Criado em 01/12/2024
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Poesia
Eram dois navios flutuando no azul imensurável,
Onde se desenha o infinito.
Contra toda sorte se avistaram, improvável acaso.
Algum destino nisso estava escrito.
Eram feitos da mesma madeira, mesma origem,
Mas no passar dos anos e dos cais errantes,
Um adicionou um canhão ali, cheio de fuligem,
Outro teve um buraco remediado e outras cicatrizes.
Eles se viram num horizonte de abandono,
A tripulação se gostou. Naquele momento
Fizeram grandes banquetes, carnavais em seu entorno,
Celebrando um encontro efêmero.
Mas o vento soprava sempre, implacável e berrante;
E o mar era ilimitado, vasto, sussurrante:
Em breve não se alcançavam, nem mesmo num instante,
A visão um do outro fantasmagórica e inconstante.
A distância que os separava era incompreensível,
Léguas de silêncio entre conveses e na memória.
Não mais se encontraram, seu vínculo invisível,
E cada um guardava uma versão da história.